Wednesday, March 28, 2007

Uma experiência inconfessada
na Casa do Tamanqueiro


Se os meus olhos vissem as coisas, as pessoas, as boas ou más ocorrências no seu estado normal, a Casa do Tamanqueiro seria um lugar agradável, recatado, muito limpo e mimoso; seria um lugar onde a natureza ancestral se encontra quase imaculada, onde o tempo flui ao sabor do pachorrento movimento dos bois, onde os latidos ganham uma importância extraordinária, onde os sinos continuam a ouvir-se ao longe, onde as pessoas se cumprimentam e se saúdam mesmo sem se conhecerem, onde as portas se abrem para os desconhecidos.

É nisto que a Casa do Tamanqueiro está mergulhada e é tudo isto que os seus donos conseguiram recriar, com um escrupuloso cuidado nas coisas que enchem salas, quartos, cozinha, no carinho que se vê e se sente em tudo, na limpeza impossível de melhorar, no respeito pelo recato dos hóspedes, pela sua intimidade; quer dizer, a casa é uma recriação extraordinária de tempos outros, de outro ritmo de vida, de outros modos de relacionamento, de outros ambientes. Se os meus olhos vissem as coisas, as pessoas, no seu estado de alerta normal, a Casa do Tamanqueiro seria uma experiência boa, pacífica, dolente, macia, suave.

Mas não estavam assim os meus olhos. A Olga, o meu amor de há 20 anos, fez da casa um local de sonho, de promessas para cumprir escrupulosamente, de momentos inesquecíveis. A casa é linda, mas os lugares são, para além de tudo, feitos pelas pessoas que os habitam. E nestes dois dias, eu e a Olga fizemos da Casa do Tamanqueiro o sítio mais bonito, mais perfeito e mais harmonioso do mundo.

Estorãos, Ponte de Lima

27 de Abril de 2003
24 anos antes dos meus 75 anos
idade em que estou autorizado a fazer uma experiência
que não devo confessar aqui…


2 Comments:

Blogger Armindo de Jesus said...

olha um blog inteligente! vou ler.
são raros e é de aproveitar. vim aqui através do capitão.
:)

3:49 AM  
Blogger joao figueiredo said...

é... mas está emperrado :|

10:25 AM  

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