
Especialistas “descobriram” agora que os tribunais de Lisboa são os que estão mais entupidos com processos, de acordo com um estudo recente da Faculdade de Economia da Universidade de Lisboa. E garantem que a reforma da justiça em Portugal não se faz com “mais dinheiro”. Ora aqui está uma novidade absoluta que deixa toda a gente com a boca aberta de espanto. Um dia destes, alguém vai “descobrir” que milhares de pessoas perdem diariamente tempos infindos na segunda circular ou a atravessar a ponte sobre o Tejo. O problema destas “descobertas” está no facto de, apesar das dramáticas evidências que encerram, continuar a haver ilustres pensadores do “caso português” que confundem tribunais empanturrados, vias e pontes congestionadas, salários, rendimentos e custo de vida mais altos, com “progresso” e “civilização”. A fina intelectualidade amiga da grande e do grande capital, que se difunde um pouco por todo o território, nunca perceberá que os “índios” espalhados pelo resto da paisagem, quando reclamam mais dinheiro, mais atenção, mais investimento público, mais obras e muitos mais, estão, de facto, a tentar fazer com que a vida do formigueiro da Grande Lisboa fique um pouco mais civilizada.