Thursday, December 28, 2006

Café dos Arcos
de Valdevez,
27 de Dezembro
de 2006

Tuesday, December 26, 2006

A torre da Bohemia

A Centralcer está a pagar a recuperação da torre dos Clérigos. Muito bem. Entende-se lindamente a aposta mecenática da cervejeira com sede em Lisboa. É que a sua concorrente Unicer de Leça do Balio, por via da marca Super Bock, lidera, salvo o erro, o mercado das cervejas português, com um domínio esmagador a Norte. Ora, para a “sulista” Centralcer, patrocinar a limpeza de um dos símbolos arquitectónicos maiores da capital nortenha tem um impacte muito forte. O problema é que, a pretexto do restauro da obra de Nasoni, a igreja e a torre praticamente desapareceram, cobertas por enormes painéis têxteis com publicidade da cerveja Bohemia emborcada por um dos 007, o senhor Pierce Brosnan. Não criticamos a presença esmagadora da Bohemia, da cervejeira “de Lisboa” e do senhor Brosnan nas fachadas dos Clérigos. A Centralcer entende, na minha opinião mal, que essa é a forma de rendibilizar o investimento que está a fazer. O mal está em quem, a coberto de um apoio meritório, permite que praticamente se eclipse, durante muitos meses, uma das marcas mais fortes do Porto setecentista.

Tuesday, December 19, 2006

O Atlântico junto à Praia dos Ingleses, no Porto, 2005.
Tarde de nevoeiro, luz coada, suavíssima.

Friday, December 15, 2006

Vai pra dentro

"Vai pra dentro", disseste tu. Foi das coisas mais bonitas que já ouvi. Fez-me recuar quarenta anos, ao tempo em que a minha mãe, do cimo dos seus 120 quilos, à porta da taverna do restaurante, atirava com um vozeirão imenso por sobre as casas, ruas e quintais: "Caaaarlos, anda pra deeeeentro!" Eu dava a última nicada do pião do parceiro e esgueirava-me a toda a brida para casa. Mal punha o pé na soleira da porta, a minha mãe passava-me a mão no pêlo e sentenciava pela enésima vez nesse dia: "Não sais mais de casa hoje. E livra-te de eu dizer ao teu pai!". Nunca dizia. Quando a asneira era maior, atirava-me para o seu regaço e chorava baixinho. Ela esborrachava os imensos seios moles contra as minhas bochechas e fazia de conta que acreditava no meu arrependimento.
Anda pra dentro. E eu ia. Para o calor de casa. Para o aconchego das carnes maternas. Para as luzes amarelas incandescentes que, vistas da rua, eram faróis orientadores, quentes, protectores. Há quarenta anos, quando a noite caía sobre uma pequena vila de pescadores como era então a Póvoa de Varzim, estar dentro de minha casa era tão bom, tão seguro, tão acolhedor... Anda pra dentro. E eu ia.
Um grande amor, como aquele que a minha mãe tinha por mim, é feito destas insignificâncias, destes automatismos. São palavras, frases, trejeitos, olhares, que denunciam intimidades primordiais. Quando me dizes Vai pra dentro, sinto-me envolvido por um bem-estar antigo, conhecido. Apetece-me abraçar-te, perder-me entre os teus braços, adormecer.
Vai pra dentro. Para além de minha mãe, nunca ninguém me disse tal coisa. E eu, que dou cada vez mais importância aos pequeninos sinais da vida, às atitudes mais banais e aos gestos que quase toda a gente desvaloriza, vi nessas três palavras um projecto de vida, uma maneira de estar, um modo de relacionamento. Talvez eu esteja a exagerar, dirás tu. Talvez não. As pessoas não se dão a conhecer nos grandes palcos, nos grandes momentos. A minha, a tua verdade essencial, desvenda-se mais completamente no desprendimento de um olhar, de uma conversa sem desígnio, de um passeio sem destino, de uma noite de copos.
Vai pra dentro. E eu vim. Obedeci-te. Aqui estou, em minha casa de Vila do Conde, às 10 da noite, a pensar em ti. A desejar adormecer no teu regaço, com uma asneira tão grande para confessar que nem a minha mãe seria capaz de me perdoar.
Janeiro 2003

Thursday, December 14, 2006

Soledad Cardinali Circus
Estrada da Circunvalação, Porto, Dezembro de 2006

Matosinhos, Estrada da Circunvalação, nº 15.040, manhã de 14 de Dezembro de 2006


Nora & Jorge, Lda - Matosinhos, Estrada da Circunvalação, nº 15.040, manhã de 14 de Dezembro de 2006

Matosinhos, Estrada da Circunvalação, nº 14.948,
manhã de 14 de Dezembro de 2006
A bela morta e o monstro vivíssimo
Rua da Vilarinha, Porto, manhã de 14 de Dezembro de 2006
Porto, Rua da Vilarinha, manhã de 14 de Dezembro de 2006
Aldoar, Porto, manhã de 14 de Dezembro de 2006